A UNIVERSALIDADE DE SIMONE WEIL NA QUESTÃO DO BATISMO

Giulia Paola Di Nicola e Attilio Danese

 

Premissa

 

A propósito de diálogo entre culturas, o fascínio que S. Weil experimenta sobre as culturas orientais, agnósticas, religiosas hindus, africanas, além daquele sobre as cristãs, é testemunho irrefutável de sua “vocação” inter-cultural e inter-religiosa: «…eu trairia a verdade que percebo, se abandonasse a posição em que me encontro desde o nascimento, isto é, o ponto de interseção entre o cristianismo e tudo aquilo que está fora dele. Permaneci naquela precisa posição, na soleira da Igreja, sem me deslocar, imóvel, en hypomoné […]».

É um dado de fato que cultura leiga e cultura religiosa se encontram nos valores universais que S. Weil valorizou e viveu, como a dor, o amor, a probidade intelectual. Os católicos se interrogam sobre a possível salvação fora da Igreja, dada a relutância dela em receber o batismo. A falta de batismo constituiu por muito tempo um impedimento para acolher o pensamento de Simone sem reservas prejudiciais e provocou reações de defesa apologética, com “respostas ortodoxas” e também não poucas recusas prejudiciais, sobretudo antes dos anos ‘60 (note-se aquela de I. Mancini). Pode-se compreender quanto tenha sido igualmente inquietante sabê-la batizada, embora tendo permanecido fiel às suas convicções. Também os não crentes se interrogam sobre este raro exemplo de liberdade intelectual e se perguntam o que na verdade distingue as diversas fés.

Enfrentaremos o tema dividindo-o em três partes:

1. O Batismo: invenção ou verdade histórica?

2. As razões da resistência ao Batismo

3. A universalidade nominal do catolicismo e os desafios à teologia

 Continua…